terça-feira, 1 de março de 2016

Hoje

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ando sem ar
porque o ar me pesa
ando sem peso
porque o peso lesa
na altitude o ar é rarefeito
respirar é apenas um efeito
feito de ar
um raro efeito
daquilo que já foi feito
sem parar
pousar
no ar
sem ar
não sou ontem
sou hoje

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Choices

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Art by Anthony Hurd  http://www.anthonyhurd.com/



Decisões recentes
Decisões antigas
Decisões
Seriam essas corretas?
Como seria se tivesses escolhido não escolher o que escolhestes?
Não escolherias, inevitavelmente, o teu novo erro/acerto?
Seria o erro também um acerto [{a}o final] (de contas)?
Se tu tivesses trilhado outro caminho
Tu serias tu?
Estaria te questionando se escolheu a porta “certa”?
Tu terias decidido a(o) final?
Ou ainda continuaria preso em meio a tanto
Desce e dir?

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Combo (in)completo

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Quem tudo quer
Nada quer
Quem tudo tem
Nada tem
Pois se perde na ânsia do sempre mais
Existem momentos que as coisas bastam
E por mais que não sejam momentos eternos, eles devem ser respeitados
Porque quem nunca se basta se acaba
Se perde
E só perde
E a vida passa vazia
Incompleta
Ansiante por algo que jamais saberá
Enquanto teve o tudo que precisava
Embaixo do seu nariz
E no lixo jogou
Por puro luxo
Do querer mais,
Sem sequer ter explorado o que tinha ao máximo
E o lixo virou
Sem propósito
Sem rumo
Sem nada
Apagado, morto sujo e fedido
Sem nada
Repulsivo, incerto e pedante
Cheio de dor
E odor

De dor

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Âmbar

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Tomou um gole de vinho que valia por três e deu aquele clássico sorriso lateral que formava uma vírgula na sua bochecha.
Sabia qual seria o resultado de tudo aquilo apesar dos pesares.
As últimas semanas pareciam intermináveis e seu único desejo era fechar os olhos para que mais um dia se passasse e todo aquele pesadelo se dissolvesse como a garrafa de vinho que assentava em sua frente.
Como aquele líquido se esvaia rápido! Queria que sua vida se movimentasse daquela forma, mas tudo parecia correr lentamente e decantar- como as sobras de uva da garrafa amiga.
Pensou em Sargo novamente, e em toda a amargura que ele lhe trazia naqueles momentos tão perturbadores.
Pensou que hoje não era dia de Sargo, pois ele não resolveria nada. Hoje desejava algo mais agridoce, algo que fosse leve, picante e doce, mas sem excesso dos três.
Pensou que pensava demais e talvez essa fosse a fonte das suas preocupações unilaterais.
Pensou que se não pensasse demais, nem observasse como sempre fez a vida toda ao montar seus quebra-cabeças do mundo, não seria ela mesma, mas outro alguém que não ela, e isso não lhe servia.
Pegou um livro e o engoliu naquela mesma noite.

Tomou outro gole de vinho e dormiu.

domingo, 13 de setembro de 2015

XY

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O homem não entende a mulher porque não sente como ela sente.
O homem sente tudo errado. No antes, mal sente, no durante pouco se importa e no fim...
Ahh, no fim se desespera! porque perdeu aquilo que não soube compreender/amar.
O homem não sabe amar, ama errado e ama mal
Ama depois que não adianta amar
Precisa sempre de um X para não desequilibrar o seu Y
Porém, seu orgulho não permite que o X seja assumido
E por isso sempre perde.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Feeling this

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A ausência do sentir e se importar é um vírus que passa de uma decepção para outra, gerando cada vez mais decepções e humanos vazios. No fim só sobra a capa, bonita (?) e vazia, pois tudo fica raso e impessoal.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nebula

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Via aquela neblina serena e acinzentada no seu caminho. Aquele cheiro ora queimado ora amargo era um tanto nostálgico, lembrava suas manhãs comprometidas com livros e humanos (muitos humanos). Lembrava o bocejo indesejado das horas bem(mal) dormidas de qualquer dia de semana. Aquilo lhe ardia, mas relembrava uma inocência que fora perdida muito atrás, por sí, pelos outros. E ela se perguntava se algum dia haveria de poder novamente confiar em alguma criatura sapiens sapiens sem se doer ao todo. Aquilo lhe doía, mas lágrimas se trancavam e insistiam em não lhe vir.
Gostava de sair sem rumo e olhar o pôr-do-sol por 43 vezes seguidas quando essa melancolia lhe dominava. Mas hoje nem o pôr-do-sol ela tinha mais. Deveria dormir até o dia seguinte pra encontrar os suspiros daqueles primeiros raios que insurgem na neblina amargo-queimadiça.
Por alguns momentos cogitava como seria não se existir, e a paz que seria uma hibernação de alguns meses. Queria apenas dormir por longos meses e esquecer toda aquela tormenta que rodeava seus pensamentos. Ora bons, ora ruins. Uma confusão tenebrosa, que mais se parece com uma tempestade ventosa em um dia de sol.
O caos vem antes da calmaria, diziam, mas naquele momento ela confessa que não acreditava mais em calmaria. E todos os livros tragicômicos da sua vida lhe vinham a cabeça, entretanto ninguém além dela sabia ou conseguia ler eles por completo. E isso também doía, pois sempre fora incompreendida e atormentada pelos fantasmas do seu próprio ser. Estes, que às vezes gostavam de ficar bem próximos. E quando ela voava os deixava para trás e imergia nas suas próprias cores que eram seu único refúgio que toda aquela humanização.