Ela estava sentada naquela escada olhando o rosado que
restava do pôr-do-sol que ela queria ver 43 vezes hoje
As pessoas passavam, sirenes, bicicletas, cachorros,
gargalhadas e ela continuava imóvel olhando pro além numa dimensão paralela
àquela realidade
Parecia flutuar junto com as ondas do lago, que faziam um
barulho suave, o mesmo tempo em que a brisa brincava suavemente com seu cabelo
fazendo movimentos de vai e vem
Toda uma vida passava pela sua cabeça, situações se
empilhavam junto com sentimentos e a única coisa que podia alentar era aquela
vista com o ar puro
Quando o último raio de sol deixou o céu, ela também deixou
aquele degrau e saiu caminhando olhando para o horizonte, como se estivesse
sozinha em meio a tanta gente (e sim, ela estava). A brisa continuava
acariciando seu rosto suavemente e brincando com os fios de cabelo que estavam
soltos.
Decidiu mais tarde continuar a saga num ambiente noturno, e
apenas caminhou, desbravando novas estradas, que davam no mesmo final, mas não eram
repetitivas e sem graça como o mesmo caminho de sempre. Caminhava, observava,
respirava e a brisa a aliviava
Na cabeça um mundo da sua própria vida
Na sua própria vida um novelo de lã, que ela tinha que
desamarrar e pensava em cada nó cautelosamente
Não sabia necessariamente como desatar, mas sabia que o
faria
Mas agora só precisava sentir o vento soprando nos seus ouvidos
os segredos da noite
Precisava ouvir mais sobre o segredo de voar livremente e
levar consigo muitas histórias
Ela já voava há um tempo, mas sempre se pode descobrir mais
sobre o segredo do vôo, afinal ele é eterno e incansável
E agora ela só precisava mergulhar nessa zona abissal de
humanos dentro do seu próprio universo, nadando, voando e sentindo
A brisa do vento
Ao relento
Lento