quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Choices

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Art by Anthony Hurd  http://www.anthonyhurd.com/



Decisões recentes
Decisões antigas
Decisões
Seriam essas corretas?
Como seria se tivesses escolhido não escolher o que escolhestes?
Não escolherias, inevitavelmente, o teu novo erro/acerto?
Seria o erro também um acerto [{a}o final] (de contas)?
Se tu tivesses trilhado outro caminho
Tu serias tu?
Estaria te questionando se escolheu a porta “certa”?
Tu terias decidido a(o) final?
Ou ainda continuaria preso em meio a tanto
Desce e dir?

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Combo (in)completo

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Quem tudo quer
Nada quer
Quem tudo tem
Nada tem
Pois se perde na ânsia do sempre mais
Existem momentos que as coisas bastam
E por mais que não sejam momentos eternos, eles devem ser respeitados
Porque quem nunca se basta se acaba
Se perde
E só perde
E a vida passa vazia
Incompleta
Ansiante por algo que jamais saberá
Enquanto teve o tudo que precisava
Embaixo do seu nariz
E no lixo jogou
Por puro luxo
Do querer mais,
Sem sequer ter explorado o que tinha ao máximo
E o lixo virou
Sem propósito
Sem rumo
Sem nada
Apagado, morto sujo e fedido
Sem nada
Repulsivo, incerto e pedante
Cheio de dor
E odor

De dor

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Âmbar

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Tomou um gole de vinho que valia por três e deu aquele clássico sorriso lateral que formava uma vírgula na sua bochecha.
Sabia qual seria o resultado de tudo aquilo apesar dos pesares.
As últimas semanas pareciam intermináveis e seu único desejo era fechar os olhos para que mais um dia se passasse e todo aquele pesadelo se dissolvesse como a garrafa de vinho que assentava em sua frente.
Como aquele líquido se esvaia rápido! Queria que sua vida se movimentasse daquela forma, mas tudo parecia correr lentamente e decantar- como as sobras de uva da garrafa amiga.
Pensou em Sargo novamente, e em toda a amargura que ele lhe trazia naqueles momentos tão perturbadores.
Pensou que hoje não era dia de Sargo, pois ele não resolveria nada. Hoje desejava algo mais agridoce, algo que fosse leve, picante e doce, mas sem excesso dos três.
Pensou que pensava demais e talvez essa fosse a fonte das suas preocupações unilaterais.
Pensou que se não pensasse demais, nem observasse como sempre fez a vida toda ao montar seus quebra-cabeças do mundo, não seria ela mesma, mas outro alguém que não ela, e isso não lhe servia.
Pegou um livro e o engoliu naquela mesma noite.

Tomou outro gole de vinho e dormiu.

domingo, 13 de setembro de 2015

XY

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O homem não entende a mulher porque não sente como ela sente.
O homem sente tudo errado. No antes, mal sente, no durante pouco se importa e no fim...
Ahh, no fim se desespera! porque perdeu aquilo que não soube compreender/amar.
O homem não sabe amar, ama errado e ama mal
Ama depois que não adianta amar
Precisa sempre de um X para não desequilibrar o seu Y
Porém, seu orgulho não permite que o X seja assumido
E por isso sempre perde.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Feeling this

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A ausência do sentir e se importar é um vírus que passa de uma decepção para outra, gerando cada vez mais decepções e humanos vazios. No fim só sobra a capa, bonita (?) e vazia, pois tudo fica raso e impessoal.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Nebula

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Via aquela neblina serena e acinzentada no seu caminho. Aquele cheiro ora queimado ora amargo era um tanto nostálgico, lembrava suas manhãs comprometidas com livros e humanos (muitos humanos). Lembrava o bocejo indesejado das horas bem(mal) dormidas de qualquer dia de semana. Aquilo lhe ardia, mas relembrava uma inocência que fora perdida muito atrás, por sí, pelos outros. E ela se perguntava se algum dia haveria de poder novamente confiar em alguma criatura sapiens sapiens sem se doer ao todo. Aquilo lhe doía, mas lágrimas se trancavam e insistiam em não lhe vir.
Gostava de sair sem rumo e olhar o pôr-do-sol por 43 vezes seguidas quando essa melancolia lhe dominava. Mas hoje nem o pôr-do-sol ela tinha mais. Deveria dormir até o dia seguinte pra encontrar os suspiros daqueles primeiros raios que insurgem na neblina amargo-queimadiça.
Por alguns momentos cogitava como seria não se existir, e a paz que seria uma hibernação de alguns meses. Queria apenas dormir por longos meses e esquecer toda aquela tormenta que rodeava seus pensamentos. Ora bons, ora ruins. Uma confusão tenebrosa, que mais se parece com uma tempestade ventosa em um dia de sol.
O caos vem antes da calmaria, diziam, mas naquele momento ela confessa que não acreditava mais em calmaria. E todos os livros tragicômicos da sua vida lhe vinham a cabeça, entretanto ninguém além dela sabia ou conseguia ler eles por completo. E isso também doía, pois sempre fora incompreendida e atormentada pelos fantasmas do seu próprio ser. Estes, que às vezes gostavam de ficar bem próximos. E quando ela voava os deixava para trás e imergia nas suas próprias cores que eram seu único refúgio que toda aquela humanização.

Heremita

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Ela é um tanto impaciente
Mas ciente que a razão deve ser mais forte
Do que qualquer emoção
Mas ela odeia o impreciso
E indeciso
Se não se decidir
Ela decide
Porque às vezes simplesmente cansa
O estagnar
De qualquer circunstância
E ela movimenta- como um tufo de vento frio
Mesmo que para longe 
Tudo aquilo que
Morreu de medo

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sincronia

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Nossos corpos 

Dançam 

No mesmo ritmo

Pulsam

Macios e suaves

E tremem

As almas gemem

Gritam

Escorrem


Prazer


E repetem

E tudo termina

Com a simultaneidade dos corpos

Reagindo ao êxtase que é

Nos sermos


E repetem...

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Roller Coaster

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Medo: essa é uma palavra que assola a cabeça e a vida de muita gente. Todos temos obviamente eu também, não nego.
Desde pequena eu aprendi a enfrentar esse monstro de sete cabeças (que nem é tudo isso).
Seja ao deixar a bicicleta de rodinhas, seja a dormir no escuro, seja naquele barco viking - que dá um frio na barriga, seja no meu primeiro toboágua que eu tremi o corpo todo antes de descer mas fui.
E não tenho vergonha de dizer que mesmo com medo eu fui e eu estou indo e nunca vou negar de enfrentar todos os desafios que me rondam. Eu sei que muitos virão, o medo acompanha, mas eu simplesmente vôo nessa onda que me leva pras dificuldades e aos poucos vou desmanchando os nós dos caminhos.
Eu costumo julgar bastante quem se deixa dominar pelo senhor medo. Sei que isso não é bonito ou digno de orgulho, mas me deixa perplexa o fato dos humanos perderem tanto por causa de algo tão pequeno que vem de dentro deles mesmos.
A vida foi feita pra ser desbravada e os caminhos para serem escolhidos a dedo, o medo é bônus, é adrenalina, ele sempre vai existir
A vida é uma montanha russa meus caros, se joguem nessa sensação de descoberta de penhascos e curvas e subidas e descidas e aproveitem a vida de vocês com os altos e baixos, sorrisos e choros, SE sejam, não mintam pra sí mesmos.
O meu conselho de hoje é: apenas vá, com medo ou sem medo, mas vá.
E voe e dance no ritmo de se ser, sorrindo para o perigo, se sujando nas lamas e flutuando nos seus próprios penhascos! 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Quebra cabeças (Ode to Hecate)

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Era um salão imenso com um pé direito que fazia jus a sua imensidão. 
As cores eram frias e um tanto sem vida. 
Haviam muitas pessoas, mas ela não conseguia ver nada senão a sí mesma e um homem que ria como um psicopata maluco. 
O rosto do homem parecia derreter a cada tom que sua risada aumentava, e assim ia e vinha derretendo e desderretendo.
De repente o riso do louco de fez tão alto que ela explodiu em pedaços de sí mesma, aquela risada era muito perturbadora, mas apesar de tudo ela ficou feliz em ser despedaçada mais uma vez, e o pedaço do seu rosto sorria docemente. 
Ela se descobria de novo a cada vez que explodia e isso era um tanto mágico dentro do seu mundo.


Enquanto suas peças estavam espalhadas no chão um homem vinha na sua direção e ela continuava a sorrir porque gostava de se desconstruir de tempos em tempos para que um artista a montasse ainda mais bela.



áudio:  http://vocaroo.com/i/s1jKb9Af7cSB

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dando corda

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Queria ser uma bailarina de caixinha de música

E ficar dormindo durante alguns dias

Até alguém me levantar pra dançar

E depois me fechar de novo

Chuá!

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Hoje chove
Não triste
Como outrora te disse
É uma chuva de correr e sentir as gotas geladas sorrindo
De pular e cantar singing in the rain
Mesmo que pareça idiota
Mesmo que liguem
Não ligo
Danço
Corro
Sorrio
Chovo
Sinto
Gosto
Do gosto de sentir
Sorrir
Correr
Me chover
Me chovo
E sorvo
Do prazer
Da chuva
Que cai
E mesmo no cinza
Consigo ver a beleza do dia
Que logo se vai
Enquanto o sol se esconde por entre as nuvens
E me sorri de canto
Enquanto a chuva cai
E vem
E vai
As serelepes gotas
Caem
E vem
E vão
Nunca
Em vão
Pois sei que as cores virão
Logo em seguida
Das gotas que me cobrem
Ousadas
Discretas
Geladas
Sem cores
Menores
Do que meu colorir
Que me faz rir
Mesmo em meio ao cinza
Que te cobre
E logo se vai
Pois há um tanto que cores
Que em ti caem
E te sorriem
Enquanto as gotas
Caem
Em
Nós 
Que se desfazem em cores
Que cobrem
Nós
Dois
E sorvem
O cinza que outrem
Depositou
E cores
Explodem
E chovem
E molham
Te olham
Sorriem
Só riem
Em nós
Sós


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Vertente

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Que eu seja como a água
Corrente
Que dança por entre os caminhos e percorre distancias enormes suavemente
Que eu seja como a água
Fluída
E calmamente percorra meus caminhos
Que eu seja como a água
Incontrolável
Para atingir o seu destino final
Que eu seja como a água
Que se expande e ocupa o espaço que deseja
Que eu seja como a água
E escorra
Por entre eu
E você
E nós
Que eu seja como a água
Espelhando
A nascente do meu próprio ser
A verter
Sempre a te ver
E jamais temer
Apenas
Tremer
Nascer
Viver
Ver

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Digerindo SE

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Ela estava sentada naquela escada olhando o rosado que restava do pôr-do-sol que ela queria ver 43 vezes hoje
As pessoas passavam, sirenes, bicicletas, cachorros, gargalhadas e ela continuava imóvel olhando pro além numa dimensão paralela àquela realidade
Parecia flutuar junto com as ondas do lago, que faziam um barulho suave, o mesmo tempo em que a brisa brincava suavemente com seu cabelo fazendo movimentos de vai e vem
Toda uma vida passava pela sua cabeça, situações se empilhavam junto com sentimentos e a única coisa que podia alentar era aquela vista com o ar puro
Quando o último raio de sol deixou o céu, ela também deixou aquele degrau e saiu caminhando olhando para o horizonte, como se estivesse sozinha em meio a tanta gente (e sim, ela estava). A brisa continuava acariciando seu rosto suavemente e brincando com os fios de cabelo que estavam soltos.
Decidiu mais tarde continuar a saga num ambiente noturno, e apenas caminhou, desbravando novas estradas, que davam no mesmo final, mas não eram repetitivas e sem graça como o mesmo caminho de sempre. Caminhava, observava, respirava e a brisa a aliviava
Na cabeça um mundo da sua própria vida
Na sua própria vida um novelo de lã, que ela tinha que desamarrar e pensava em cada nó cautelosamente
Não sabia necessariamente como desatar, mas sabia que o faria
Mas agora só precisava sentir o vento soprando nos seus ouvidos os segredos da noite
Precisava ouvir mais sobre o segredo de voar livremente e levar consigo muitas histórias
Ela já voava há um tempo, mas sempre se pode descobrir mais sobre o segredo do vôo, afinal ele é eterno e incansável
E agora ela só precisava mergulhar nessa zona abissal de humanos dentro do seu próprio universo, nadando, voando e sentindo
A brisa do vento
Ao relento

Lento

sábado, 1 de agosto de 2015

X-preita!

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Observo
E sinto
A essência que te envolve
Gosto
Sorrio
Te vejo de dentro pra fora
Te fazes o que não és
Como uma proteção
Forte
Não impenetrável
Improvável
Não impossível
Passível
De paz
E zela
Pelo teu passo
Que dizes ser suave
Mas vejo pesaroso
Quanto remorso
Ainda assim admiro
Te miro
Por tentar acompanhar o vôo
Logo te vejo acima
Voando e flutuando
Como dizes ser
Mas não o és
Logo te vejo leve
Como dizes ser
Mas diferente do que tentas ser
Pois és maior que esse chão que insistes em pisar
E logo quebrará
Levando-te a bailar
E voar
Com o ar
Nesse mar
Que insistes em remar,
Ainda que sem ar.
No ar
Estarei a te esperar
E teu vôo
Hey de guiar
Quando desistires de apenas caminhar
E concretizares teu sonhar
Com os pés entregues
Ao ar
Pelo caminho do mar
A vagar
Sem parar
Amar
Há mar
Há ar
Há!


Gosto!

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Gosto do que não é raso
Gosto do que me faz explorar zonas abissais
O simples nunca me atraiu
O “normal” é muito sem graça
Gosto do sal do mar
Do gelado da cachoeira
De não dar pé
Todas as minhas escolhas se baseiam no que é mais difícil
Nem sempre conscientemente,
Mas gosto de desafios
Gosto de nadar sem chão e chegar no outro lado do rio
Com meus próprios pés
Gosto de pisar onde não vejo
Onde não sei
Pois assim saberei
E vou desbravando os mares mais profundos
De dentro da minha barca
Vôo quando quero
Pouso quando preciso
Coloco o pé no chão?
Só por um breve momento
Porque a segurança nunca me é totalmente segura
Pois SEGURA
E só quero voar
Nadar
E imergir no que me tromba
Ou no que EU trombo
Pouco importa
Contanto que não dê pé
Exploda
Morra
Viva
Reviva
Sinta
Pulse
E morra de novo
Porque toda morte é um começo
E todo começo também uma morte

Sorte!